Maria Helena Ribeiro da Cunha, por Marlise Vaz Bridi

Maria Helena Ribeiro da Cunha (1931 - 2020)
imagem original: http://leduardolourenco.blogspot.com/

MARIA HELENA RIBEIRO DA CUNHA – POR MARLISE VAZ BRIDI

​​​​​​​Maria Helena Martins Ribeiro da Cunha
, professora, crítica literária e pesquisadora de vasta erudição em relação aos estudos da Literatura Portuguesa, nasceu em Lisboa, em 18 de julho de 1931, mas veio para o Brasil ainda menina.  Formou-se na então Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo, em Letras Neolatinas, em 1955. Doutorou-se, em 1968, com a defesa de uma tese pioneira em relação aos estudos acerca da Literatura de Autoria Feminina, tendo realizado realizado seu estudo acerca da obra de ​​​​​​​​​​​​​​Irene Lisboa, numa época em que tal tal empreendimento era uma temeridade absoluta:

Tese de doutorado

Aspectos da obra de ficção de Irene Lisboa. Ano da defesa: 1968. Orientador: Antônio Soares Amóra. FLC|Letras Clássicas e Vernáculas.

escrever sobre uma escritora, e contemporânea, não estava no horizonte de quem se dedicava aos estudos literários e pretendia ser respeitado como crítico.  Ainda que nunca tenha realizado crítica militante (ou oportunista), seu trabalho – Aspectos da obra de Irene Lisboa – em que pese a singeleza do título a ele atribuído, é, ainda hoje, uma referência de como realizar um estudo crítico em altíssimo nível.

Recém saída da graduação, foi convidada pelo professor Segismundo Spina para atuar na disciplina de Camonologia, passando então a conviver proximamente com o grande especialista em estudos medievais e renascentistas, o que proporcionou à jovem professora uma oportunidade de dedicar-se a essa área de estudos na qual, desde logo e posteriormente, veio a se destacar e tornar-se conhecida, tanto no Brasil como em Portugal. Nesse campo, participou ativamente da primeira série da Revista Camoniana, ainda dirigida pelo professor Spina, e dirigiu as duas séries subsequentes da mesma Revista, que congrega a melhor produção crítica acerca de Camões e estudos afins. Ainda nesse campo, apresentou para sua Livre-docência, em 1983, A dialética do desejo em Camões, transformada em livro publicado pela editora da Imprensa Nacional / Casa da Moeda, em 1989.

Ocupou vários cargos na administração da USP, dentre os quais se destaca o período em que, já professora Titular em Literatura Portuguesa, foi Diretora do Centro de Estudos Portugueses, entre 1990 e 1994. Faleceu no dia 7 de outubro de 2020, mas deixa um vasto legado de publicações, orientações e iniciativas acadêmicas de relevo. Seus muitos alunos de graduação e pós-graduação testemunham nas salas de aula a herança que dela receberam. 

Marlise Vaz Bridi – docente da área de Literatura Portuguesa do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas, FFLCH/USP obteve o doutoramento em 1982, com a tese "A Sugestão Metafórica na Obra Ficcional de José Cardoso Pires", tendo sido sua orientadora a professora Maria Helena Ribeiro da Cunha.