Em 2007, o angolano Valter Hugo Mãe foi agraciado com o Prêmio José Saramago, que, na ocasião, o denominou “tsunami literário”. Como se sabe, de lá pra cá, seus livros foram ou têm sido reeditados no Brasil pela extinta Cosac Naify, pela Editora 34 e pela Biblioteca Azul (selo da Editora Globo).
Nesta fala, o professor Jean Pierre Chauvin se propõe a responder o mais diretamente possível a pergunta que vai no título. Seria esse homem de 46 anos herdeiro daquele falecido em 2010? Para tentar respondê-la, ele se propõe a fazer um exercício comparativo entre algumas obras de um e de outro.
De Valter, o professor pensa especialmente em O Nosso Reino – romance de estreia -, A Máquina de Fazer Espanhóis, de 2011, e O Apocalipse dos Trabalhadores, de 2014. Neles procura ver o que sobra, há ou falta no que ele se permite chamar provisoriamente de “dicção saramaguiana”.
Jean Pierre Chauvin recorrerá à prosa de José - maiormente os romances que parecem ligar-se temática e estilisticamente àqueles produzidos pelo escritor mais jovem. A princípio, os leitores de Valter Hugo Mãe serão convidados a estabelecer paralelos formais, ideológicos e semânticos entre determinados critérios empregados por um e outro.
Sob essa perspectiva, a pontuação, o modo de esticar ou encurtar as frases e, em particular, a maneira de conduzir o diálogo entre as personagens parecem ser ingredientes promissores. Vejamos que hipóteses este breve exame propiciará.