O professor Emerson da Cruz Inácio, do Programa de Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa (DLCV/FFLCH/USP), é o anfitrião de Cida Pedrosa, vencedora do Prêmio Jabuti de poesia em 2020, em bate-papo que acontece no próximo dia 16, das 17h às 18h30, no canal uspfflch do youtube.
 

foto: Sennor Ramos

O Recife sempre esteve presente na poesia de Cida Pedrosa. Mas no livro “Solo para Vialejo”, de 2019, a poeta faz uma viagem do mar ao Sertão, encontrando sua ancestralidade em Bodocó, cidade natal. As 128 páginas lançadas pela Cepe Editora foram vencedoras nas categorias “Livro do Ano” e “Poesia” da 62ª edição do Prêmio Jabuti que, este ano, homenageou a escritora e poeta mineira Adélia Prado.  Cida é a primeira mulher pernambucana a levar a principal categoria da premiação mais importante da literatura nacional, além de visibilizar a literatura fora dos grandes centros urbanos brasileiros. 

Concorreu, pela primeira vez, ao Jabuti. A sertaneja já tinha sido finalista do Prêmio Oceanos de Literatura, com o livro "Claranã", em 2016.  Ao todo, são dez livros publicados, nos quais sempre figuram as questões sociais, a mulher, a dimensão humana, o espaço. Destacam-se As Filhas de Lilith”, “Claranã”, “Solos para Vialejo”.  Na última obra “Estesia”, lançada em formato digital, Cida abordou a pandemia da Covid-19 e mostrou o Recife em tempos de incertezas e agravamento de problemas conhecidos pelos moradores da cidade, como a fome, a precarização do trabalho e a solidão.

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foto: Sennor Ramos

Pedrosa, oitava de 15 filhos, nasceu em Bodocó, mudando-se para a capital pernambucana ainda aos 14 anos, com a proposta de estudar. Mas as ligações com o Sertão pernambucano nunca foram desfeitas. O livro, um longo poema que tem como ponto de partida o resgate da Jazz Band Bodocoense (um grupo que agitou o Sertão do Araripe na década de 1940), começou a ser escrito em 2016, como um resgate de memórias afetivas da escritora com a sua ancestralidade, de quando ela acompanhava a colheita de algodão ou ouvia os assobios musicados de seu pai no Sertão. O principal caminho é a BR-232, o elo que liga o mar ao sertão, que corta Zona da Mata e Agreste, e traça uma linha em um estado cheio de histórias como Pernambuco. 

Sobre o prêmio, o primeiro da carreira, ela é enfática nas bandeiras que carrega na militância e na arte. “É muito importante porque a literatura tem um cânone muito masculino e muito branco. Esse Prêmio Jabuti teve uma característica muito interessante porque nas cinco finalistas de poesia a maioria era composta por mulheres. Eu considero importante porque foi o coroamento de uma vida dedicada à literatura”, explica Cida. 

Ela também enfatiza o fato de a valorização da literatura que está à margem. “Eu acho que tem toda uma literatura que precisa ser visibilizada. A gente tem grandes escritoras e escritoras fora desse eixo. De que descentralidade estamos falando? Quando a gente está falando em Pernambuco, o epicentro está no Rio de Janeiro e São Paulo. Mas quando você está no Interior, o epicentro é o Recife. Como podemos valorizar esse que está na margem?, frisa.



fontes: www.folhape.com.br, diariodepernambuco.com.br

​​​​​​​SOBRE O 62o. PRÊMIO JABUTI

Este ano, a 62ª edição do Prêmio Jabuti teve 20 categorias, entre literatura, histórias em quadrinhos, ensaios de artes e outras. Todas as obras foram analisadas de acordo com os eixos: literatura, ensaios, livro e inovação. Confira a lista de vencedores em: www.premiojabuti.com.br.