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​​​​​​​​​​​​JOÃO XERRI, MILITANTE DA SOLIDARIEDADE

Extratos do texto¹ do frade dominicano e escritor Frei Betto.

​​​​​​​[...] Homem de conexões internacionais, tinha aliados em vários pontos do mundo, e tudo que lhe caía em mãos de importante - denúncias de violações de direitos humanos, causas solidárias, luta dos sem terra e sem teto, movimentos libertários – ele cuidava de divulgar com uma presteza exemplar, e isto antes mesmo de existir internet.

João nasceu em Malta (1947), quando a ilha do Mediterrâneo ainda era uma colônia britânica, e ingressou na Ordem Dominicana no mesmo ano que eu (1965). Veio para o Brasil em 1974, e se fixou em Faxinal (PR), onde aprendeu português. Naturalizou-se brasileiro em 1993. Em março de 2002, recebeu o título de “Cidadão Paulistano” da Câmara Municipal de São Paulo.
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João levou mundo afora o filme “Batismo de sangue”, baseado em meu livro de mesmo nome. [...] E escreveu ao diretor do filme, Helvécio Ratton: “Para mim, um dos grandes valores do filme é que conta um fato, sem justificá-lo nem fazer dele um paradigma. Não é um filme de bandidos e mocinhos, de santos e de pecadores. É a narrativa do fato em sua plena verdade, sem ser apologética. (...) Outra coisa interessante, e que tem um valor universal, é o tratamento dado à questão da tortura, da abominação da tortura. Importante também a meu ver o modo como trata a delação sob tortura: esse é um tabu que é preciso mesmo enfrentar” ^{(grifo nosso).}
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​​​​​​​*Faleceu em decorrência de complicações do Covid-19 em 30 de maio de 2021, em Goiânia, Goiás.

¹O texto foi lido integralmente em seção da Câmara Municipal de São Paulo, realizada em 02junho2021.

**Sobre os convidados:

Adriano Diogo é geólogo sanitarista formado pela USP. Iniciou sua militância política em 1963. Participou da resistência à ditadura militar e da luta pela anistia. Ex-parlamentar de São Paulo pelo Partido dos Trabalhadores e ex secretário municipal do Meio Ambiente de São Paulo, é dele a iniciativa em conceder o título de Cidadão Paulistano a Frei João Xerri. Ativista de Direitos Humanos, preside a Comissão Nacional da Verdade e da Comissão da Verdade do Estado de São Paulo "Rubens Paiva". Com outros militantes e artistas denominados Geração 68 tem se dedicado em manter viva a memória, transmitir às gerações posteriores o legado deixado por militantes e artistas como Marilia Pera, Ruth Escobar, Sérgio Mamberti, Zé Celso Martinez Correa, Gilberto Gil, Chico Buarque, Caetano Veloso e tantos outros quanto à necessidade de se defender a democracia no país.

Frei José Fernandes Alves, OP é provincial da Ordem Dominicana no Brasil, mora em Goiânia, é especialista em Direitos Humanos, militante junto aos Movimentos Sociais, apoia e assessora o MST, assessora as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), coordena a Comissão Dominicana de Justiça e Paz do Brasil e é da coordenação do Comitê Goiano de Direitos Humanos Dom Tomás Balduíno.

Cristina Azevedo é filha de Lília Azevedo (in memorian), que com o Frei João e outros companheiros, formaram o Grupo Solidário São Domingos. Bióloga de formação, trabalha com conservação da biodiversidade e planejamento ambiental.

Sérgio Abreu é membro do Grupo Solidário São Domingos, mestre em Políticas Públicas pela FLACSO, pós-graduado em Gestão Pública com ênfase em Gênero e Raça pela UFOP. Licenciado em Filosofia, pós-graduado e professor de Teologia no Centro Diocesano de Formação para o Laicato – Diocese de Jundiaí, no curso de Teologia para agentes de pastoral da Região Episcopal Lapa na Arquidiocese de São Paulo e consultor em economia solidária e políticas sociais em algumas prefeituras.

Silvio Luiz Sant'Anna é doutor em Antropologia e mestre em Ciências da Religião pela PUC-SP. Diretor do CEAP/Comunicação e Educação à Autonomia Popular e organizador do livro "Timor Leste - Este país quer ser livre". Militante das causas Ecológicas e dos Direitos Humanos. Pesquisador da religação dos saberes, da sociodiversidade inclusiva brasileira, da integração entre natureza e cultura. Graduado em História, especialista em Marketing e em Ciências Sociais.

PS: em razão da relevância da atuação de Frei João Xerri e atendendo solicitação de seus familiares e de docentes de três universidades estrangeiras, o evento será transmitido em língua inglesa para essas instituições, tradução simultânea gentilmente feita pelo professor John Milton (DLM/FFLCH).

A partir da esquerda: Frei João Xerri, OP (de sobretudo azul); o escritor timorense Xanana de Gusmão; Lília do Amaral Azevedo, in memorian; Frei José Fernandes, op; entre outras pessoas.

 

 

 

Crédito das fotos acima
1: Ana Fonseca (Peritatividade); 2: (Memorial da Resistência)

​​​​​​​​​​​​​​Lilia Azevedo, D. Tomás Balduíno, OP (1922-2014) e Fr. João Xerri, entre outras pessoas. Local: Chiapas, foto de Sérgio Abreu.