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Data de término
Descrição

Descrição do Dicionário - o Dicionário de Particularidades Lexicais e Morfossintácticas da Expressão Literária em Português. Moçambique (volumes I e II), de Michel Laban, falecido em 2008, foi publicado no ano de 2018, após extenso trabalho  das organizadoras Maria José Laban e Maria Helena Araújo Carreira, abarca um período de cerca de quatro séculos (1609-2004), 239 autores, 477 obras (das quais 118 não literárias). Uma ferramenta de trabalho que contribui para o conhecimento da língua portuguesa, por via do estudo das particularidades do português literário de Moçambique; tem o seu fundamento, essencialmente, na recolha das definições junto dos autores (em vida) que utilizaram ou criaram as palavras, cujo levantamento nas obras estudadas foi feito de modo sistemático. Num sentido mais lato, uma grande contribuição ao enriquecimento do estudo do português; esta obra virá a ser um dicionário de referência para a língua portuguesa. Também é uma belíssima impressão das edições Michel Chandeigne (Paris), mercê de um generoso subsídio da Fundação Calouste Gulbenkian. 


Sobre Michel LABAN (in memorian) -  Para apresentar Michel Laban (1946-2008), não se pode deixar de sublinhar o interesse que revelava pelo conhecimento e pela investigação. Recordemos a generosidade e dedicação que o caracterizavam. Tudo o interessava : outros mundos, outras culturas, outras literaturas... Entregou-se plenamente à elaboração deste dicionário e, se não tivesse sido o fim de vida precipitado, ainda hoje estaria a aperfeiçoá-lo, pois dois dos traços que definiam Michel Laban eram o perfeccionismo e o rigor. Michel Laban descobriu a língua portuguesa quando, em 1965, inscrito na licenciatura de espanhol, na Universidade de Alger, se apercebeu de que Solange Parvaux dava uma aula de português, que decidiu frequentar. Assim que foi criada a Agregação de Português, Michel Laban obteve-a com sucesso. A sua pesquisa enveredou, sem dúvida, pela via africana não só por ter nascido na Argélia, mas também, por ter descoberto o escritor angolano Luandino Vieira, a quem consagraria a tese de doutoramento de 3° ciclo. Encontrou-se então confrontado com uma revolução na língua portuguesa – processos de criação, desvios sintácticos, utilização de palavras vindas de línguas faladas em Angola – que se tornou um verdadeiro laboratório de pesquisa… A partir de 1981 leccionou na Universidade de Paris 3 onde foi titularizado como docente universitário em Literatura e civilização dos países africanos de língua portuguesa. Em 2001 foi nomeado Professor Catedrático na mesma universidade. Michel Laban publicou numerosos artigos e elaborou cerca de 600 entradas (que caracterizam o português de África) para a 3a edição do Novo dicionário da língua portuguesa de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira. Lembremos também Encontros com escritores - Angola (2 vol.), Cabo-Verde (2 vol.), Moçambique (3 vol.) e São Tomé e Príncipe (1 vol.). O percurso aqui esboçado demonstra a sua profunda ligação a África.

Profa. Doutora Maria Helena Araújo Carreira é Professora Catedrática Emérita da Universidade Paris VIII, onde dirigiu, de 1997 a 2016, o Departamento de Estudos dos Países de Língua Portuguesa e a Equipa de investigação de linguística comparativa das línguas românicas, por ela criada. Especialista de linguística portuguesa, publicou igualmente estudos de linguística geral e comparativa (português / francês), assim como em didáctica das línguas estrangeiras (português, contacto de línguas e intercompreensão entre línguas românicas). Os seus domínios privilegiados são a semântica, a pragmática, a comparação de línguas, a análise de discursos e de textos, bem como o ensino da língua portuguesa. Autora, nesses domínios, de numerosas publicações. Editou quatorze obras decorrentes de colóquios internacionais por ela organizados. Dirigiu, ou co-dirigiu em co-tutela, uma quinzena de teses de doutoramento concluídas ; três teses estão actualmente em curso sob a sua direcção. 

Profa. Doutora Maria José Tição Fernandes Fafe Laban obteve o diploma da Escola Superior de Belas Artes de Lisboa em Pintura e da Universidade Paris III em Português. Foi bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian em Paris, na Universidade de Paris I, em museologia geral e contemporânea et na Escola do Louvre, tendo estagiado em diferentes museus parisienses (Arts Décoratifs, Centre Georges Pompidou, Musée de Sceaux). Frequentou igualmente o Advanced Course of Fashion Design de da Saint Martin’s School of Art de Londres. Integrou a equipa que esteve na origem do serviço educativo do Museu Calouste Gulbenkian de Lisboa. Acompanhou a elaboração dos trabalhos do marido, Michel Laban (desde os anos 1980 até à data do seu falecimento em 2008). A partir de 2009, empenhou-se em terminar a obra de relevo de Michel Laban, Dicionário de particularidades lexicais e morfossintácticas do português literário - Moçambique, seguindo escrupulosamente o trabalho do autor e as suas orientações metodológicas.   

Profa. Doutora  Rita Chaves - Contra a extinção do ministério de Ciência e Tecnologia, defende a educação pública, laica, gratuita e de qualidade também como instrumento na luta contra a desigualdade social. Professora Associada de Literaturas Africanas de Língua Portuguesa, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, da USP. Possui graduação em Letras pela Universidade Federal Fluminense (1978), mestrado em Letras pela Universidade Federal Fluminense (1984) e doutorado em Letras (Letras Clássicas) pela Universidade de São Paulo (1993), com dois estágios de Pós-doutorado na Universidade Eduardo Mondlane, de Moçambique. Atua principalmente nos seguintes temas: Literatura Angolana, Literatura Moçambicana, África, Angola, Literatura e Antropologia. Algumas obras: Angola e Moçambique: o lugar das diferenças nas identidades em processo (Rio de Janeiro, 2001); Angola e Moçambique - experiência colonial e territórios literários (Cotia, 2005). Organização dos livros: Brasil/África: como se o mar fosse mentira (São Paulo/Luanda, 2006); Marcas da diferença (São Paulo, 2006); A kinda e a misanga - encontros brasileiros com a literatura angolana (São Paulo, 2007).

Profa. Doutora Sara Jona Laisse é doutorada em Literaturas e Culturas em Língua Portuguesa pela Universidade Nova de Lisboa; docente de Cultura Moçambicana e Métodos de Pesquisa na Universidade Politécnica. É autora do livro "Entre o Índico e o Atlântico: ensaios sobre literatura e outros textos (2013). Publicou textos nos seguintes livros: "A Língua Portuguesa na Índia e em Outras Terras"(2018); "Reinventar os discursos e os palcos: o rap, entre saberes locais e olhares globais" (2019); "Língua Portuguesa: lusofonia(s), língua(s) e cultura(s)" (2020); e "Percurso pelas áfricas: a literatura de Moçambique" (2020). Publicou manuais de ensino, artigos em jornais e revistas nacionais estrangeiras. Colabora no jornal digital 7Margens, na rubrica "Entre Margens". É co-autora dos seguintes livros: "Cultura e Identidade Organizacional: um diferencial para a competitividade das empresas moçambicanas" (2008); "Seis reflexões sobre o cânone literário moçambicano" (2019); Dicionário Português - Bitanga - Português, com compêndio gramatical" (2007). É investigadora associada nos seguintes centros de pesquisa: Centro de Humanidades da Universidade Nova de Lisboa (CHAM), Centro de Estudos sobre África e Desenvolvimento do Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade de Lisboa (CEsA/CSG/ISEG - ULisboa) e Grupo de pesquisa MOZA (Moçambique e Africanidades), credenciado pela Universidade Federal de Paraíba (UFPB, Brasil). É consultora em avaliação de qualidade de ensino, em Moçambique. Dinamiza, há quatro anos, um evento denominado "Tertúlias Itinerantes", no qual académicos de diferentes áreas científicas e de várias universidades, no espaço da língua portuguesa, discutem o tema "interculturalidade". Há 20 anos que mantém um outro programa de incentivo ao gosto pela literatura designado "Tertúlias de Sábado". Foi editora do programa radiofónico "Lavradores da palavra" e dos programas televisivos "A Letra" e "Letra Viva".

Prof. Doutor Nazir Ahmed Can  é Professor de Literaturas Africanas de Língua Portuguesa na Universidade Federal do Rio de Janeiro e do Programa de Pós-Graduação em Letras Vernáculas desta mesma instituição. É doutor em Teoria da Literatura e Literatura Comparada pela Universitat Autònoma de Barcelona (com um estágio na University of Liverpool), licenciado em Letras pela Universidade do Porto (com uma passagem de um ano pela Universität des Saarlandes, na Alemanha) e em Humanidades pela Universitat Pompeu Fabra, de Barcelona. Entre 2012 e 2015, desenvolveu sua pesquisa de pós-doutorado na Universidade de São Paulo, com apoio da FAPESP, tendo realizado, nesse contexto, pesquisa de campo em Moçambique e na Ilha Maurício. Atuou também como Professor Visitante na Universitat Autònoma de Barcelona e na Universidad de Salamanca, neste último caso com o apoio da CAPES (no âmbito do Programa Institucional de Internacionalização). É hoje pesquisador do CNPq (Produtividade em Pesquisa – PQ 2) e da FAPERJ (Programa Jovem Cientista do Nosso Estado). Com Rita Chaves, coordena, desde 2016, o “PIELAFRICA – Pactos e impactos do espaço nas literaturas africanas (Angola e Moçambique)”, grupo de pesquisa interuniversitário certificado pelo CNPq, e é membro colaborador do “ORION – Portuguese Orientalism” (do Centro de Estudos Comparatistas da Universidade de Lisboa) e do “CRIMIC – Centre de Recherches Interdisciplinaires sur les Mondes Ibériques Contemporains” (da Sorbonne Université). É coeditor da Revista Mulemba e editor-assistente (responsável pela seção literária) da Revista Diadorim, ambas da UFRJ. Colabora com a Editora Kapulana com prefácios para os livros da série “Vozes da África” e publica seu primeiro livro com a Kapulana em 2020, título "O campo literário moçambicano: tradução do espaço e formas de insílio".

Folder
anner com as informações da entrevista e fotos em preto e branco das organizadoras Maria Helena Araújo Carreira, Maria José Tição Fernandes Fafe Laban, Rita de Cássica Natal Chaves e Sara Jona Laisse