Violonistas brasileiras, literaturas, conversas transversais | Bate-papo

  • ATENÇÃO!  Arine Pfeifer Coelho, Deivide Almeida Ávila, Francisco Saulo: entrem em contato para solicitar o certificado de participação e informem o nome completo. Acessem este link. 

Participações complementares de Gabriele Leite e Marcia Taborda à live 

FALAS TRANSVERSAIS - vídeo complementar da violonista Gabriele Leite  

 

 

VAMOS EM FRENTE !! Mensagem da violonista Márcia Taborda 

Gostaria de agradecer imensamente o convite para participar deste encontro , uma iniciativa que promove o debate e a reflexão acerca de um tema que nos é tão caro. Parabéns às organizadoras!

Sabemos que o universo violonístico especialmente da música de concerto é majoritariamente masculino. Tem sido assim ao longo dos tempos.. numa extensa lista de métodos publicados durante o  século XIX,  encontramos como rara exceção  Madeleine Cottin,  professora que deu aulas de violão à Dona Nair de Teffé, que  teve publicado  seu  “Méthode Complete de Guitare”.

Venho reafirmando em meus trabalhos que o violão  esteve presente nas diversas classes sociais e ainda,  que desde o período de  seu surgimento,  manteve forte identidade feminina...há inúmeras provas disso: basta lembrar  o argumento de Manoel da Paixão Ribeiro para publicar sua Nova arte da viola,  o fez para atender à demanda das senhoras que desejavam tocar o instrumento; podemos lembrar da extensa produção de romances franceses dedicados às mulheres, e ainda de uma citação do Allgemeine Musikalische Zeitung -  ao mencionar a música na Londres de 1826 -  dizendo que era  vergonhoso homens tocarem piano e violão, exceto se tivessem o objetivo de lecionar, uma vez que estes instrumentos eram essencialmente femininos.

O mote de minha recente publicação, O violão na corte imperial1, é exatamente a execução do instrumento pela Imperatriz Leopoldina entre outras figuras femininas que estavam em visita ao Rio de Janeiro; além disso, dei conhecimento de anúncios de aulas  e de uma produção de instrumentos dedicada  exclusivamente às mulheres.

O que fica patente  neste olhar ao passado é que esta prática esteve restrita ao ambiente doméstico.  No Brasil,  mulheres acompanhando-se ao violão irão aos palcos  apenas em fins da década de 1920.

Ao longo dos últimos anos, os programas de Pós-graduação brasileiros vem cumprindo um importante papel na produção de conhecimento.. . cabe a nós a tarefa de contar e  recontar esta trajetória jogando luz nas contribuições femininas para a prática e  o desenvolvimento do violão. Está em processo!

PENSO que o momento atual  nos convida a reavaliar a construção dessa história, nos impõe a análise e  a revisão de uma escrita que promoveu o silenciamento  da contribuição feminina. Um convite  à ação.

Novas publicações e  iniciativas no exterior e no Brasil como o grupo Mulheres violonistas e mesmo este encontro, são indícios de que estamos assumindo responsabilidades e o fazemos  por meio de  nossa produção intelectual e ainda e sobretudo,  através de nosso trabalho didático e artístico.

Vamos em frente!!

Márcia Taborda – texto lido na live Mulheres Violonistas, Literaturas, Conversas Transversais, em 30/08/2021 – disponível no canal uspfflch <https://youtu.be/phynqbdX_gE>. Último acesso em 18/09/2021, às 21h20.

  1. Disponível no site da Biblioteca Nacional: <https://www.bn.gov.br/producao/publicacoes/violao-corte-imperial-2a-edicao-revisada>. Último cesso em 18/09/2021, às 21h28.

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EMENTA DE DIVULGAÇÃO DA LIVE

Alguns registros dão conta de que, em 30 de agosto de 1889, Chiquinha Gonzaga (1847-1935) regeu uma orquestra de quase cem violões, violas e pandeiros, tendo reunido músicos amadores do Castelo, Gamboa, Catumbi, São Cristóvão e de outros bairros dos subúrbios cariocas. Foi apresentada a música "Caramuru, o deus do fogo", de sua autoria, no Imperial Theatro S. Pedro de Alcântara (RJ) em homenagem ao maestro Carlos Gomes. Chiquinha Gonzaga foi a primeira mulher a reger uma orquestra no Brasil, isso em 1885; quebrou tabus e abriu alas para a presença das mulheres na música brasileira. Ainda hoje as obras para violão compostas por mulheres e/ou mulheres solistas são pouco conhecidas dos apreciadores e até mesmo dos praticantes da arte de tocar violão, a mulher é quase sempre lembrada em verso e prosa apenas pela associação mulher-violão. Para conversar sobre a produção feminina para violão, música para violão, literatura, negritude, feminismos entre os temas de relevância em nossa sociedade, convidamos cinco das tantas expressivas profissionais da música que temos no Brasil para este bate-papo "VIOLONISTAS BRASILEIRAS, LITERATURAS: conversas transversais": Cláudia Garcia (UEMG), Gabriele Leite (UNESP/Manhattan School-NY), Luz Gonçalves Brito (UFRGS), Márcia Taborda (UFRJ) e Thaís Nascimento (UFRGS). Este bate-papo acontece no próximo dia 30 de agosto, das 14h às 16h, no canal uspfflch

A atividade é gratuita, aberta às pessoas interessadas, sejam estudantes e pesquisadoras dos cursos de Letras, Música, Educação, Educação Musical, Antropologia, Sociologia, História e outras áreas, sejam artistas de diversos campos das artes, violonistas e militantes sociais e da produção artística e/ou cultural, sejam pessoas apreciadoras da artes da música, erudita, popular não necessariamente vinculadas à atuação profissional ou acadêmica. As 150 primeiras pessoas que assinarem a lista de presença receberão o certificado de participação de ouvinte. A lista será publicada no chat durante a conversa. 

A coordenação dos eventos do CELP é das professoras doutoras Rejane Vecchia da Rocha e Silva e Paola Poma, docentes do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP e diretoras do Centro de Estudos das Literaturas e Culturas de Língua Portuguesa, centro interdepartamental da mesma faculdade, e que também estarão presentes. A mediação do encontro será feita pela Thaís Nascimento. 

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PS: sobre Chiquina Gonzaga, ver (1), (2), (3), (4) e (5)

A notícia no Portal de Eventos da FFLCH
​​​​​​​A notícia no Plataforma9
A notícia no Jornal da USP: Público ainda desconhece a arte das violonistas brasileiras

Sobre o violão brasileiro, acesse o Acervo Digital do Violão Brasileiro.


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